Bárbara Bigas
REVIEW: O recado místico e libertário de Butterfly, EP do grupo LOONA
Atualizado: 28 de out. de 2020
Estive pensando por dias em como eu começaria esse post, em como eu demonstraria a complexidade de Butterfly, a música mais recente do grupo feminino de k-pop, LOONA.
Sou suspeita para falar, afinal LOONA se tornou um dos meus grupos favoritos e tudo isso se despertou principalmente pela magia de Butterfly. Hoje posso dizer que esta música foi uma revolução na carreira dessas meninas e, na minha opinião, uma das melhores do k-pop em 2019.
O grupo, composto por 12 integrantes, (Heejin, Hyunjin, Haseul, Yeojin, Vivi, Kim Lip, Jinsoul, Choerry, Yves, Chuu, Go Won e Olivia Hye), foi lançado ao mundo do k-pop por meio de solos. A cada solo, uma nova garota era anunciada como parte do grupo.
Em sequência, formaram-se 3 sub-unidades: LOONA 1/3, Odd Eye Circle e yyxy. Clipes de cada uma das units foram lançados, nos dando um spoiler de como seria um trabalho conjunto das integrantes. Em 7 de agosto de 2018, a música Favorite foi lançada como pré-estreia e a estreia oficial, em 19 de agosto de 2018, se deu com a música Hi High, ambas disponíveis no EP [+ +].
A empresa responsável por LOONA, a BlockBerry Creative, inovou por meio desta formação que é muito diferente da convencional. Por meio desta, LOONA pôde deixar várias de suas marcas, em especial a a singularidade e a graça de cada integrante, antes mesmo de vermos as 12 juntas trabalhando num mesmo grupo.
Sobre "BUTTERFLY", faixa principal do EP [X X]
Butterfly é uma música com um conceito único e diferente do conceito da estreia, Hi High, que é um cute concept. Nela, é possível observar muitos detalhes que a tornam extremamente especial diante dos trabalhos anteriores de LOONA.
Um ponto bem chamativo que se evidencia logo no princípio é a sincronia: As meninas possuem uma atenção e habilidades muito desenvolvidas para a dança. Além do talento corporal, visível em cada uma delas, a quantidade de integrantes também colabora com isso: grupos grandes conseguem tornar a coreografia mais complexa e interessante, por existirem diversas possibilidades de criação. Em Butterfly, encontramos várias killing parts só na coreografia.
Tal sincronia executada pelo grupo se uniu perfeitamente à ideia da música: os movimentos livres, soltos e graciosos, complementaram o conceito de liberdade, renovação e delicadeza, representados pela borboleta. Sobre essa mesma ideia, o MV (music video) nos mostra mulheres de diferentes etnias, raças e nacionalidades, que durante o clipe aparecem de diversos jeitos: em alguns momentos sérias, inexpressivas, e em outros, usando seus corpos para comunicar sua liberdade. A melhor interpretação que fiz para isso foi a de representatividade e luta: todos somos como borboletas que carregam belezas inimagináveis dentro de si e que precisam ser libertadas.
Este conceito feminino e maduro trouxe uma nova cara para o grupo. Quem imaginaria que aquelas garotinhas simpáticas usando saia em Hi High se apresentariam tão “crescidas” em tão pouco tempo? Outra evolução notável foi a ótima distribuição das linhas vocais entre as integrantes, algo que se mostra difícil de executar em grupos com muitos integrantes.
VISUAIS E KILLING PARTS
Para quem já está mais imerso no mundo do k-pop, não é novidade citar que o visual é fundamental, tanto na aparência física dos artistas que o compõem, quanto na produção dos clipes, conceitos e figurinos.
O figurino em questão projetado para este comeback é simples, mas não pode deixar de ser exaltado. Calça preta e blusas com mangas balonê formaram uma combinação neutra, mas que com certeza conferiram uma movimentação melhor para a coreografia. As mangas soltas auxiliaram os movimentos amplos dos braços e somaram a dança com elegância.

Investiu-se também muitas cores de cabelo totalmente ousadas: Choerry, com seu roxo intensamente marcante e Vivi com um vermelho também muito notável. Kim Lip saiu do loiro para investir num castanho claro que destacou ainda mais seu rosto angelical. Yves e Chuu deixaram seus cabelos mais escuros e Haseul apareceu com um novo corte sensacional.

As killing parts da performance, ou seja, aquelas partes que causam mais impacto em quem a assiste, dominaram Butterfly no rap, na dança e até mesmo em um dos centers.
Choerry e Gowon apareceram formando uma dupla dupla imbatível, cantando a parte que foi considerada o rap da canção. Não é a parte mais elaborada da música, porém o trabalho das duas juntas foi uma boa surpresa.
A coreografia, já mostrada aqui como totalmente impecável e linda, se mostrou ainda mais espetacular nos showcases e stages, contando com uma parte exclusiva do ao vivo: Choerry, Heejin, Yves, Kim Lip e Olivia Hye tomando a cena e mostrando toda a sua flexibilidade num movimento que passa a usar também o chão.
Para finalizar, a parte que mais ansiei citar: o center da Hyunjin.
Hyunjin é linda e uma dançarina incrível. Ver ela no centro, dançando com tanta potencialidade, me dá arrepios (no melhor dos sentidos, é claro). Hyunjin foi capaz de manifestar, em poucos segundos, uma força e intensidade que o seu rosto delicado e seu jeito meigo não permitem perceber logo de início.
MAIS SOBRE O EP
A intro, intitulada "XX” é composta apenas de um beat que abre o EP de maneira poderosa: ela vem pra dizer que é essa boa expectativa que devemos ter enquanto o escutamos.
Butterfly mostra, entre tantas outras coisas a necessidade que o eu lírico possui de voar como uma borboleta para se libertar de suas aflições mais íntimas. A interpretação dessa letra pode ser entendida como um entoo, um pedido de ajuda para alcançar a libertação.
“Começa com um leve bater
Agora, dentro de meu coração, um furacão
Estive, estive lá, nunca estive, estive lá
O mundo fica cada vez menor
Leve-me para lá, bem longe, onde tudo é novo
Neste momento, sonhos, sonhos podem virar realidade”
Sattelite dá prosseguimento no EP com uma letra romântica, incluindo em seus versos de amor os elementos do universo, como o próprio nome sugere.
“É uma lembrança
Eu sou seu planeta
Algum dia perto de você
Até tocar
Chegue mais perto de mim
Me devolva a gravidade
O destino não pode nos impedir”
Seguindo a linha romântica de Sattelite, temos Curiosity: com uma letra um pouco mais ousada, falando sobre a curiosidade de desvendar um amor, as meninas apostam numa música mais suave nos vocais e com uma batida mais presente.
Colors é a música que, aparentemente, eu diria ser a mais inocente de todas, mas que carrega em sua letra a presença das cores no sentimentalismo do eu lírico. Dando um ar sinestésico e mais uma vez falando de amor e de descobrir novas possibilidades, LOONA sugere investir com toda certeza nele:
“Eu vou, eu vou, eu vou
Eu só quero sentir
Eu sou um impulso instintivo
Eu vou, eu vou, eu vou
Eu só quero te amar
Tudo isso é fixo, cena, sim”
Aquela música que emociona e toca o coração não pode faltar, já que o tema principal de [X X] envolve também uma certa tristeza e melancolia.
Where you at fecha o EP com chave de ouro, falando sobre uma reviravolta nessa paixão avassaladora que o álbum por vezes relata: a dor da saudade e de deixá-lo ir embora.
“Memórias suas
Lentamente, lentamente
Estão descolorindo e desaparecendo
Se você se sentir do mesmo jeito
Eu quero voltar mais uma vez”
LOONA realmente surpreendeu nesse último trabalho e deixou muitas expectativas sobre o futuro do grupo. Com toda a certeza, despertou nos fãs e em todos aqueles que estão no caminho para conhecê-las melhor um sentimento novo e confortante, que nos aproxima da bela mensagem sobre o amor que [X X] tanto trabalha.