- Letícia Lucena
REVIEW: Com "Rookery", Giant Rooks mostra excelência instrumental e lírica em seu álbum de estreia

Formada em 2015 na cidade de Hamm, na Alemanha, o grupo é composto por Frederik Rabe (vocais), Luca Göttner (baixo), Finn Schwieters (guitarra), Jonathan Wischniowski (teclado) e Finn “Finnbo” Thomas (bateria), que juntos já acumulam prêmios de respeito em seu país natal, mais de 2 milhões de ouvintes mensais no Spotify, e shows esgotados por toda a Europa, tudo isso com apenas 3 EPs lançados. Se referir ao Giant Rooks como “estreantes” chega a ser bastante inadequado, considerando o que a banda conquistou em apenas cinco anos na estrada e do quanto evoluíram sonoramente neste processo até chegar ao momento de apresentar o Giant Rooks oficialmente a seu público.
O primeiro álbum propriamente dito do quinteto, intitulado Rookery, é a consolidação do amadurecimento adquirido ao longo dos pequenos lançamentos da banda. Ao apresentarem este novo projeto, eles não se mostram preocupados com fórmulas, ou de como o senso comum dita a maneira da qual as coisas devem ser feitas, o que deu ao grupo muito espaço para experimentação instrumental, um dos pontos chave deste projeto tão refinado e único ao qual somos introduzidos.

Abrindo o disco, "The Birth of Worlds" chega para estabelecer o alto nível que o projeto se mostra confiante em trazer. A faixa traz consigo um a aura distópica e misteriosa ao juntar elementos eletrônicos aos arranjos da faixa juntamente com seus versos beirando o ceticismo, partindo de alguém que busca esperança em um ambiente não muito favorável. Das canções escolhidos como singles, se destacam principalmente “What I Know Is All Quicksand”, uma das faixas que mais enfatizam aonde a letra mostra alguém que se sente preso, observado, e se vê obrigado a manter as aparências a troco de uma única razão: o entretenimento. Em contraste, “Heat Up”, uma das faixas que mais se destacam em todo o álbum, traz uma sonoridade exultante, encontrando com o conteúdo lirico a coragem de imergir em sentimentos mais intrínsecos.
Das faixas que só foram disponibilizadas ao público no dia do lançamento do álbum duas em especial se destacam: “Silence” retorna com a ambientação apocalíptica que presenciamos no início do álbum. A canção metaforiza demônios internos, referindo-se à violência como algo que precisa ser domado, observado e lidado com cautela, como é mostrado no verso do refrão: “Não é hora para grandes brigas, palavras bobas só tornarão pior”. “Very Soon You’ll See” por sua vez, é uma das faixas que melhor mostra o retrato de uma geração consciente da importância do individualismo, que se nega entrar em relações líquidas apenas para mostrar algo que não existe.

Mesmo sendo extremamente bem planejado, algumas músicas parecem um pouco perdidas no meio do album: "Wild Stare", que já tem seu próprio espaço no EP de mesmo nome lançado no ano passado, soa um tanto alheia em relação ao restante do disco, e "Into Your Arms", que apesar de ser uma boa canção, com ótimos arranjos e letra impactante o bastante para fechar bem o disco, peca ao abusar do auto tune em alguns versos, que mesmo que sejam pequenos, incomodam o bastante para não passarem despercebidos. A adição exagerada do recurso não é necessariamente uma coisa ruim, bandas como The 1975 e The Neighborhood utilizam desta ferramenta de forma coesa com a proposta de ambas. No caso do Giant Rooks, o auto tune destoa drasticamente do restante do material, trazendo um pouco de estranheza para a experiência do ouvinte.
Rookery é imponente, grandioso, versátil e criativo. Cada instrumento que compõe a banda tem seu destaque merecido ao longo do álbum, e a produção em volta do projeto é feita com uma sofisticação que nem sempre presenciamos em debuts. Estabelecendo um padrão de qualidade tão alto em tão pouco tempo de existência, a banda caminha no rumo certo para alcançar cada vez mais espaço na cena, e vendo por uma perspectiva internacional, é possível considerar que o Giant Rooks se torne um dos principais nomes do pop rock alemão mundialmente desde Tokio Hotel.